ANFETAMINAS ( Bolinhas, Rebites )
Definição
As anfetaminas são drogas estimulantes da atividade do sistema nervoso central, isto é, fazem o cérebro trabalhar
mais depressa, deixando as pessoas mais "acesas", "ligadas" com "menos sono", "elétricas", etc. É chamada de rebite
principalmente entre os motoristas que precisam dirigir durante várias horas seguidas sem descanso, a fim de cumprir prazos
pré-determinados. Também é conhecida como bolinha por estudantes que passam noites inteiras estudando, ou por pessoas
que costumam fazer regimes de emagrecimento sem o acompanhamento médico.
Nos USA, a metanfetamina (uma anfetamina) tem sido muito consumida na forma fumada em cachimbos, recebendo
o nome de "ICE" (gelo).
Outra anfetamina, metilenodióximetanfetamina (MDMA), também conhecida pelo nome de "Êxtase", tem sido uma
das drogas com maior aceitação pela juventude inglesa e agora, também, com um consumo crescente nos USA. |
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As anfetaminas são drogas sintéticas, fabricadas em laboratório. Não são, portanto, produtos
naturais. Existem várias drogas sintéticas que pertencem ao grupo das anfetaminas e como cada uma delas pode ser comercializada
sob a forma de remédio, por vários laboratórios e com diferentes nomes de fantasia, temos um grande número destes medicamentos,
conforme mostra a tabela.
Tabela — Nomes comerciais de alguns medicamentos à base de drogas do tipo anfetamina, vendidos
no Brasil. Dados obtidos do Dicionário de Especialidades Farmacêuticas — DF — ano 1996/1997.
Droga do tipo Anfetamina |
Produtos (remédios comerciais)
vendidos nas farmácias |
Dietilpropiona ou Anfepramona |
Dualid S; Hipofagin S; Inibex
S; Moderine |
Fenproporex |
Desobesi-M; Lipomax AP; Inobesin |
Mazindol |
Dasten; Fagolipo; Absten-Plus;
Diazinil; Dobesix |
Metanfetamina |
Pervitin* |
Metifenidato |
Ritalina |
* Retirado do mercado brasileiro, mas encontrado no Brasil
graças à importação ilegal de outros países sul-americanos. Nos USA cada vez mais usado sob o nome de ICE.
Efeitos no cérebro
As anfetaminas agem de uma maneira ampla afetando vários comportamentos do ser humano. A pessoa sob sua ação
tem insônia (isto é, fica com menos sono) inapetência (ou seja, perde o apetite), sente-se cheia de energia e fala mais rápido
ficando "ligada". Assim, o motorista que toma o "rebite" para não dormir, o estudante que ingere "bolinha" para varar a noite
estudando, um gordinho que as engole regularmente para emagrecer ou ainda uma pessoa que se injeta com uma ampola de Pervitin
ou com comprimidos dissolvidos em água para ficar "ligadão" ou ter um "baque" estão na realidade tomando drogas anfetamínicas.
A pessoa que toma anfetaminas é capaz de executar uma atividade qualquer por mais tempo, sentido menos cansaço.
Este só aparece horas mais tarde quando a droga já se foi do organismo; se nova dose é tomada as energias voltam embora com
menos intensidade. De qualquer maneira as anfetaminas fazem com que um organismo reaja acima de suas capacidades exercendo
esforços excessivos, o que logicamente é prejudicial para a saúde. E o pior é que a pessoa ao parar de tomar sente uma grande
falta de energia (astenia) ficando bastante deprimida, o que também é prejudicial, pois não consegue nem realizar as tarefas
que normalmente fazia antes do uso dessas drogas.
Efeitos no resto do corpo
As anfetaminas não exercem somente efeitos no cérebro. Assim, agem na pupila dos nossos olhos produzindo
uma dilatação (o que em medicina se chama midríase); este efeito é prejudicial para os motoristas, pois à noite ficam mais
ofuscados pelos faróis dos carros em direção contrária. Elas também causam um aumento do número de batimentos do coração (o
que se chama taquicardia) e um aumento da pressão sangüínea. Aqui também podem haver sérios prejuízos à saúde das pessoas
que já têm problemas cardíacos ou de pressão, que façam uso prolongado dessas drogas sem o acompanhamento médico, ou ainda
que se utilizarem de doses excessivas.
Efeitos tóxicos
Se uma pessoa exagera na dose (toma vários comprimidos de uma só vez) todos os efeitos acima descritos ficam
mais acentuados e podem começar a aparecer comportamentos diferentes do normal: ela fica mais agressiva, irritadiça, começa
a suspeitar de que outros estão tramando contra ela: é o chamado delírio persecutório. Dependendo do excesso da dose e da
sensibilidade da pessoa pode aparecer um verdadeiro estado de paranóia e até alucinações. É a psicose anfetamínica.
Os sinais físicos ficam também muito evidentes: midríase acentuada, pela pálida (devido à contração dos vasos sangüíneos)
e taquicardia.
Essas intoxicações são graves e a pessoa geralmente precisa ser internada até a desintoxicação completa.
Às vezes durante a intoxicação a temperatura aumenta muito e isto é bastante perigoso pois pode levar a convulsões.
Finalmente trabalhos recentes em animais de laboratório mostram que o uso continuado de anfetaminas pode
levar à degeneração de determinadas células do cérebro. Este achado indica a possibilidade de o uso crônico de anfetaminas
produzir lesões irreversíveis em pessoas que abusam destas drogas.
Aspectos gerais
Quando uma anfetamina é continuamente tomada por uma pessoa, esta começa a perceber com o tempo que a droga
faz a cada dia menos efeito; assim, para obter o que deseja, precisa ir tomando a cada dia doses maiores. Há até casos que
de 1-2 comprimidos a pessoa passou a tomar até 40-60 comprimidos diariamente. Este é o fenômeno de tolerância, ou seja, o
organismo acaba por se acostumar ou ficar tolerante à droga.
Discute-se até hoje se uma pessoa que vinha tomando anfetamina há tempo e pára de tomar, apresentaria sinais
desta interrupção da droga, ou seja, se teria uma Síndrome de abstinência. Ao que se sabe algumas pessoas podem ficar
nestas condições em um estado de grande depressão, difícil de ser suportada; entretanto, isto não é uma regra geral, isto
é, não aconteceria com todas as pessoas.
Informações sobre consumo
O consumo destas drogas no Brasil chega a ser alarmante, tanto que até a Organização das Nações Unidas vem
alertando o Governo brasileiro a respeito. Por exemplo, entre estudantes brasileiros do 1º e 2º graus das 10 maiores capitais
do país, 4,4% revelaram já ter experimentado pelo menos uma vez na vida uma droga tipo anfetamina. O uso freqüente
(6 ou mais vezes no mês) foi relatado por 0,7% dos estudantes. Este uso foi mais comum entre as meninas.
Outro dado preocupante diz respeito ao total consumido no Brasil: em 1995 atingiu mais de 20 toneladas, o
que significa muitos milhões de doses.
Fonte: Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas - CEBRID